sexta-feira, 9 de março de 2007

Divina Comédia

Sexta-feira.

E eu numa lan, em Arraial do Cabo, esse paraíso de mar, céu e gente bonita. Não gosto de perder sensações, entrei na lan, antes que tudo se apagasse da memória.

Que noite linda ta fazendo por aqui e novamente uma brisa suave toca no meu rosto, parece uma mão roçando com carinho e pasmem, está tocando Coldplay. Sinto que daqui a pouco vou dançar novamente a canção que o vento insiste em cantar para mim.

Acabei de ver um pôr do sol lindo no Pontal do Atalaia e agradeci a Deus por estar ali naquele momento. Vou matar a aula de alemão amanhã, ninguém merece se afastar desse paraíso de mar e céu azuis para estudar alemão em pleno sábado. Tudo nessa vida requer esforço, horas de dedicação e afinco. Concordo, é claro que concordo, ipis litteris, mas permita-me não querer morrer antes de mergulhar com as tartarugas marinhas, de tentar segurar seu casco e deixar que ela me leve pela correnteza.

Essa semana eu li uma frase: é uma piada clássica. E diante de um lindo pôr de sol, observando gaivotas e tartarugas marinhas, me recordei dessas linhas. Trouxe essa lembrança para o dia-a-dia quando temos a opção de transformamos nossas vidas em comédia, drama, romance, ou suspense. Particulamente, não gosto de comédias e muito menos de dramas. Gosto de suspenses, do que vai acontecer, da expectativa, do momento seguinte, mas o meu momento seguinte, pelo que estou observando enquanto digito, é um lindo par de olhos azuis que sorriem gentilmente enquanto olha seus emails do outro lado da bancada, e que se levanta, vai para fora da lan, acende um cigarro, olha para dentro e ri ..........

Temos que nos permitir caminhar por nossos infernos, purgatórios e paraísos, de mãos dadas com nossas Beatrizes e Virgilios, tendo a opção, a linda opção de não perder o trem que está de saída para Paris. E eu com certeza estarei dentro desse trem e olhando pela janela outros tantos rindo sem fim de suas piadas clássicas sem fim.

Me deu vontade de fumar. Que droga ! Deixei o isqueiro em casa.


"O Voi ch' avete li 'ntelletti sani,
mirate la dottina che s'asconde
sotto il velame de li versi strani"

(In. IX, 61-63)