Tenho o previlégio de ter a minha disposição um dos melhores hospitais militares da América Latina (por ser filha de militar), bem como, um plano-de-saúde de excelência. No entanto, sou exceção diante da regra geral de que 70% (setenta por cento) da população depende da saúde pública.
Desde os vinte e cinco anos faço exames de mama e de seis em seis meses realizo meus exames preventivos. Mesmo com toda essa vigilância, aos trinta e quatro anos, descobri uma endometriose severa. Passei a ouvir melhor os médicos: dores agudas de menstruação não é normal. O normal, é não sentir dor. Mas, por causa dessas dores menstruais que me enlouqueciam, acabei ficando chata e exigente com qualquer exame - faço e refaço-os quantas vezes necessário for. Portanto, nunca abri mão de exames mamográficos e ultrassonográficos da mama, mesmo quando não tinha a idade ideal para fazê-los. Acho, sinceramente, que com hormônio e com o corpo não se brinca.
Até pouco tempo o exame rotina de mamografia era obrigatório pelo SUS tão somente em pacientes acima dos 50 anos, onde há maior incidência da doença. Mais recentemente, foi sancionada lei que garante, a partir de 2009, o atendimento de rotina as mulheres com idade a partir dos 40 anos. Mas, segundo informações do INCA, o cancêr de mama é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Portanto, ainda discute-se essa prevenção em mulheres abaixo dos 40 anos.
Hoje, a saúde preventiva na rede pública de saúde funciona mais ou menos assim: daqui a 2 meses marca-se a consulta, daqui a 6 meses faz-se alguns exames, mas pode ocorrer de chegar no dia do exame o aparelho não estar funcionando, ou os funcionários estarem em greve. Mas, se tudo der certo, então, após 1 mês do exame feito, sai o resultado. Dois meses depois volta ao médico para mostrar o resultado do exame. E NÃO ERA PARA SER ASSIM.
Recebi da Deia, do Mundo a Fora o convite para participar dessa blogagem coletiva, da divulgação desse projeto que pode beneficiar milhares de mulheres e homens na prevenção e no exame do cancêr de mama. Homens? Sim...homens podem desenvolver o cancêr de mama, apesar de ser raro. E em cada 100 mulheres, 1 homem desenvolve o câncer de mama.
A campanha consiste em entrar no site The Breast Cancer Site e clicar na figura rosa ao lado que a vida de muitas mulheres serão salvas. Se, e somente se, até o final do mês de junho este site receber 8 milhões de cliques no botão rosa, o seu principal patrocinador – Bare Necessities – doará $10,000 para mais mamografias grátis.
Mas, assim como o Indignatus Rayol, farei também minhas ponderações. A pasta da saúde é uma das mais ambicionadas em qualquer governo, por futuros secretários; mesmo assim comete-se desmandos, desvios de verbas, licitações suspeitas. Creio que se levassem mais a sério a saúde da população, principalmente nos procedimentos licitatórios, evitaria-se ônus tanto para o Estado quanto para o paciente/cidadão. Um paciente doente, é claro, recorre muito mais a saúde do que um paciente são. E ao final, perde Estado e perde cidadão. Se houvesse em todos os hospitais, pelo menos 5 aparelhos de mamografia, com certeza, evitaria-se o crescimento do cancêr e com ele a mortalidade. Se houvesse menos desvio de verbas na saúde, com certeza haveriam pelo menos 5 aparelhos em cada hospital.
Um outro problema, é a má distribuição de equipamentos entre os Estados e a preocupação em garantir, a partir de 2009, o atendimento das milhares de mulheres acima dos quarenta anos que se somarão àquelas acima dos cinquenta anos. É muita prevenção para pouco equipamento. Segundo o Jornal Nacional, onde sua âncora recetemente passou por um problema de suspeita de câncer, enquanto São Paulo tem quase mil mamógrafos, sete estados brasileiros têm menos de 30 deles. Há estados inteiros com apenas três ou quatro desses aparelhos, que são fundamentais para detectar alterações e doenças. Entre elas, o câncer que mais mata as brasileiras.
De qualquer forma, qualquer inciativa, pública ou privada, que vise beneficiar a saúde no geral, sempre será válida. Mas ainda assim, cabe ao Estado a responsabilidade por melhor atendimento a sua população.
E vale ainda lembrar: o auto-exame é primordial e salva vidas.
Fonte: Oncoguia / INCA / Ministério da Saúde / Sociedade Brasileira de Mastologia / ONG Câncer de Mama / Jornal Nacional
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