sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Em tempo....

Essa belissima reflexão, foi enviada por e-mail pela super TATÁ. Amei! Uma bela dica para nós, seres dicotomos.  O blog do moço, autor do texto, é excelente - vale a pena indicar a leitura!

Em tempo. Estou meio que enrolada. Acabei de chegar de viagem. Estou meio que fazendo mudança, pintando a nova casa, o pedreiro descobriu um vazamento e o pintor errou a mão em uma das paredes...afff..mil coisinhas para resolver e fazer. E a droga da faculdade ainda não liberou minha grade de horários. Enfim, o ano começou!

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Uma fábula infantil para adultos


gifs-para-orkut-sensuais-09 Sempre quis ser feliz. Felicidade de árvore, puxar o galho pesado de frutos como quem abre um guarda-chuva para o rosto. Felicidade de rodar o corpo várias vezes até entontecer e deitar na grama para observar as nuvens. Aquela tontura era quando meus lábios tiravam as sandálias.

Quando não previa que era feliz, a felicidade não terminava.

Ao conhecer a felicidade, passei a defendê-la. Passei a me acostumar com ela e procurá-la onde já a tinha encontrado. Não procurava onde não a conhecia. Eu gastava a felicidade de antes. A felicidade que existia dentro da felicidade. Não a felicidade que existia fora da felicidade, que também poderia ser minha.

Minha felicidade logo virou a desconfiança de que os demais cobiçavam a minha felicidade. Logo virou a suspeita de que não poderia ser feliz, obrigado a me conter. Caso demonstrasse, estaria esnobando. Alertando os ladrões. Não podia sair mais com a minha felicidade. Escondia em casa, atrás dos livros.

Sem felicidade, aprendi a viver com a lembrança dela. Estava quase feliz, remotamente feliz, pois poderia retornar à felicidade de noite. Retornar à felicidade era meu jeito de ser feliz. Ou de parecer feliz durante o dia.

Fiquei assustado quando alguém me falou que eu não era sério, que precisava ser adulto. Tentei ser feliz e não rir. Ao sentar a boca, esquecia que estava feliz e permanecia somente sério. A concentração para não rir me tirou a vontade de falar.

Complicado o negócio de ser feliz. Desisti, portanto, de minha felicidade para deixar os outros felizes. Abri mão das coisas. Queria que minha mulher fosse feliz – girava o quarto para que ela fosse. Queria que meu filho fosse feliz – girava a sala para que ele fosse. Quando um ou outro estava feliz, eu não pensava em minha felicidade. Nem que a tinha escondido para nunca mais rever. Já não me lembrava onde estava: atrás de que livro? Que autor? Qual estante?

Quando recebia convite para estudar no exterior, concluía:
– Outra hora.
Quando recebia convite para um novo trabalho, concluía:
– Outra hora.

Não me constrangia em esperar. A felicidade da minha mulher e dos meus filhos foi formando minha felicidade. Até que bateu um remorso por não ser feliz sozinho, afinal todos são felizes sozinhos. A dependência me doía. Eu tinha que esperar que fossem felizes para me acalmar. Não que tivesse deixado de ser feliz, eu esperava o reconhecimento deles para então perceber que fui feliz. Eu era feliz depois de ser feliz.

As coisas abriram suas mãos. Acreditava que me anulava. O mesmo remorso de uma dona-de-casa depois de arrumar a bagunça, sentar na cozinha, descobrir que o minuto de seu sossego é o cigarro e que todo mundo vai esperar a casa limpa, como sempre, e nada será comentado. Porque a casa limpa é invisível, como a felicidade.

A felicidade deles tornou-se minha infelicidade. Fui cobrando a devolução dos dias felizes que dediquei à felicidade deles. Pedindo a devolução das minhas semanas, uma por uma. Não conseguia diferenciar o que era meu do que era deles. Numa partilha, como dizer quem gosta mais de um disco ou de um filme?

Minha felicidade não era infeliz, mas sem assunto. Confundi sem assunto com infeliz. Não tinha o que contar de mim, só deles. Eu era mais a promessa de felicidade deles do que o meu passado.

Eles foram ficando tristes porque minha felicidade não aparecia. Nem depois. Nem como véspera. Eles não sabiam como devolver minha felicidade. Porque a felicidade deles também era me fazer feliz.

Fabrício Carpinejar

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6 comentários:

Anônimo disse...

TIA BETHINHA, PARABÉNS E MUITAS FELICIDADES NA VIDA E NO SEU CORAÇÃOZINHO LINDO!!!!!
BJOKINHAS ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Anônimo disse...

É o amor que faz essas coisas, né? Não sou casado, ainda... mas já estou me acostumando com essa idéia de ser feliz só qdo as pessoas que amo são felizes ao meu lado :)

Belo post :)

Beijão ^^

Fernanda disse...

Mas é mesmo assim, a nossa felicidade depende daqueles que amamos, e com certeza que a felicidade destes depende da nossa! Conciliar os nossos desejos e harmonizar as nossas opções com as do que amamos é um "jogo" complicado, mas que só pode valer a pena, Beth. Óptimo texto!
Beijo!

Menina do Rio disse...

Será que deixamos de sermos felizes para correr atrás da felicidade...?

Um beijo

Luma Rosa disse...

Comecei a ler e pensei logo no Fabrício! Acompanho o blogue dele desde o início! Feliz ano novo!! (rs*) BEijus

CDAD disse...

Hum, não conheço esse blog, mas, vou lá conferir. Vc. tá fazendo Faculdade ou é Pós? Nunca te perguntei isso, mas, qual área do Direito vc. atua? Eu sou especializada em direito do consumidor.