sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Lugares assim...


Ontem, passei o dia inteiro na estrada. Vai para cá, vai para lá, pára para abastecer, almoçar... e vai para cá e vai para lá...toda a pequena trip no máximo a 200 km da capital. Nossa! Cheguei esgotada, cansada.



Nessa nossa aventura de "caçadores de condição para vôo", acabamos parando em um lugar muito simples, tão simples que um dos colegas ficou chocado ao ver várias casinhas de sapê pelo nosso caminho.

- Pois é amigo! E tantos reclamam de suas casas de alvenaria.

Estávamos próximos do sítio onde está sendo procurado o corpo de Priscilla Belfort, mas não sabíamos disso. Estavámos apenas tentando localizar uma rampa de vôo. Mas acabamos nos perdendo e ficamos perguntando aos moradores locais. E nos chocou a forma como eles nos conduziram ao nosso pretendido local.

- Moço! O senhor sabe onde fica a ponte do caranguejo?
- Vocês irão ver o corpo da moça também?
- Que moça?
- A irmã do lutador. A ponte é perto das máquinas.
- Não. A gente quer voar, conhecer a rampa.
- Mas é perto. Passa no sítio para ver as escavações. É logo ali.

E era realmente logo ali, mas não queríamos ver nada disso. Mas acredito que todos nós nos supreendemos, naquele momento, pela forma como pessoas simples, de lugares paupérrimos, encaram com normalidade até mesmo as dores alheias. Me deu o tom de: "moça, isso acontece".

Todas as vezes que passo por lugares assim, lembro-me de minha infância. Minha mãe que era revendedora, nos colocava em seu fusquinha e nos levava para lugares onde a chegada de um carro era comemorado com gritarias e corridas de meninos barrigudinhos e de pé no chão. Hoje, talvez eu não encontre mais os meninos correndo atrás dos fusquinhas, mas ainda há lugares que pararam em algum lugar perdido no passado.

Não sei se é bom saber que há lugares assim, pois nesses lugares também há pessoas paradas em algum lugar do passado, que apenas vivem um dia atrás do outro com uma noite no meio. E esse jeito de viver, regado a algumas doses de "marvada" ou "orações nos templos", na verdade, acabam influenciando em outros setores da vida diária dessas pessoas.

- Como assim?
- Esquece! Só estava pensando.

Mas ainda há lugares assim, com gente simples, de pés no chão, que não está nem ai para quem dá adeus, mas sim para quem vive, mas não como vive, apenas por quem vive. Apenas lugares assim, com um dia após o outro e uma noite no meio. E, aparentemente, demonstram felicidade, simpatia e despreendimento ao tratar com estranhos.

E tem gente que ainda dúvida que é facil ser feliz! Cada vez mais, eu tenho certeza de que é muito fácil.


4 comentários:

Anônimo disse...

Seu blog está cada vez mais lindo e cheio de energias positivas.

Parabéns e bom fim de semana

DM disse...

Nossa Beth, que post, mais lindo, e "levanta astral"! Realmente quando se anda por estradas turtuosas, ainda que a passeio, a gente começa a dar valor, muito mais valor a tudo o que tem e conquistou !!! Lamentavel essa história do "corpo" da moça, vi no Jornal NACIONAL ...
A coisa continua linda por aqui,
Beijos e bom findi!!!!

Anônimo disse...

***BETH SHOW***

Amei demais o post...me remete à minha infância na fazenda no interior de Goias...Vivi essas cenas e me acalmava a alma pq me fez partilhar com essas pessoas que ate hoje revivem a cena desse passado, a compaixao e ao mesmo tempo, a liberdade da inocencia...

O fato da moça, das escavaçoes,penso que tenha deixados todos atonicos...

Bjs minha amiga linda de alma vívida...

Karina Kakai disse...

Beth, esse seu jeito de compartilhar vivências e pensares próprios... Adoro! Sinto maior falta de vir todo dia aqui e ali... Ainda bem que o que a gente planta no coração fica com a gente o tempo todo. E ao sentir e lembrar, traz o sorriso no rosto! (Claro, não tão lindo quanto o seu! Mas tá valendo!).

Sim, é fácil ser feliz. A gente que complica um tanto, né? ABração!!!!!!!!