quarta-feira, 21 de março de 2007

Outrora



Andei um pouco introspectiva hoje. Não consigo me organizar e quando isso acontece tendo a me recolher. Sou espaçosa, tenho um quarto só para meus estudos, livros, tralhas diversas, mas ainda assim consigo ser desorganizada. Definitivamente necessito de um "personal bagunça". Nada de empregadas, ou diaristas, tem que ser um entendor de "post it´s".

Estava a fim de ficar sozinha, longe dos meus papéis, de minha desorganização, enfim, nada demais, nenhuma "nóia" em especial, mas estava querendo ir à um museu, sebo, biblioteca, ou livraria - daquelas que você escuta um violão, toma um café e folhea um livro. Sabe esses lugares que você encontra gente interessante, inteligente? Lugares tranquilos, sem burburinhos, onde o silêncio beira ao sagrado e que nem as cordas do violão são capazes de seduzir os "silenciários". Por fim, decidi... fui à um sebo.

Nossa! Havia anos que não entrava em um sebo e como ainda há gente interessante que frenquenta sebos, havia até me esquecido disso. Fiquei horas conversando com um estudante de arquitetura que estava atrás de catálogos antigos, conheci um professor de latim e um outro de história da arte que acompanhava o estudante de arquitetura. Horas agradáveis, com o celular desligado e esquecendo da minha bagunça.

"Divina Comédia, Os Lusíadas, Os Maias, Dom Quixote, Os Miseráveis, O Príncipe, Utopia, você sabe quem são os autores? Me ajuda em uma pesquisa?". Pronto, mal pisei os pés em casa e já havia uma alma aflita clamando por socorro. Imediatamente, para me livrar da situação, fui falando os nomes dos autores e tentando puxar em minha "memória de Dory" a importância de cada obra literária, mas ao ver mãos trêmulas tentando escrever Dante Alighieri ou Thomas More; pensei cá com meu tico e teco - "Você venceu. Vamos à internet."

Nada contra as pesquisas virtuais, até me recorro à elas na maioria das vezes, afinal, tenho pressa, não dá para perder muito tempo em alguns momentos de minha vida. Mas, há algo mais interessante para um jovem, na flor da idade, com todo o tempo do mundo, do que conhecer uma biblioteca, seus corredores, suas estantes, seu silêncio, enfim, folhear um filho? E se não houvesse a internet?

Enfim, sem grande dilação; corroborei com meu jovem amigo, ou melhor dizendo, minha sobrevivente "memória de Dory" colaborou, a internet facilitou, o word cooperou e a impressora o salvou.

Mas até quando ?

Paizinho, obrigada por tanta BIBLIEX nos meus doces anos púberes.


"Guimarães Rosa me disse uma coisa que jamais esquecerei,
tão feliz me senti na hora: disse que me lia "não para a literatura, mas para a vida"

Clarice Lispector

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