Tenho pressa de não sei de que!?! E essa minha pressa vive em constante conflito com meu nirvana interior. Sento no chão frio da sala e como não é de costume, abro meu caderno e começo a escrever.
Lá fora, cai uma chuva fina e fria. Cá dentro, a luz vinda de uma televisão muda reflete na parede, ao mesmo tempo que no som rola um cd de Elis. Ele está lá dentro, entretido, dedilhando Roberto Carlos no violão. Ao final, estamos todos mudos e dispersos em algo perdido em nossos pensamentos - apenas a voz de Elis ecoa pelo apartamento número 301, localizado em uma rua suburbana qualquer.
E minha pressa, no meio do silêncio próprio dos templários me permite pensar em teorias. Droga! Eu odeio teorias e quão cansativas são as pessoas teorizando o tempo todo. O barato da vida é justamente não teorizar, deixar rolar. O barato da vida está nas coincidências - já disse Márcia Peltier em alguma crônica que me veio na cabeça agora.
Você acha que sabe? Você não sabe nada e tua vida é uma merda. A minha também é...de fulano também, de ciclano também e de beltranho pior ainda. Em algum momento, nossas vidas são uma merda apesar dos foda-se que damos e que nem sempre resulta em algo de construtivo - somos merdas dando descargas o tempo todo e ensinando os outros a darem suas descargas. Mas é mais fácil não quebrar a cabeça pensando - é mais fácil seguir por trilhas já demarcadas do que entrar no virgem da mata e ficar na dúvida entre o medo de seguir ou a vergonha de retornar.
Olho para cá, vou para lá e não vejo nada...ninguém diz nada...ninguém acrescenta nada de coisas que meus quase enta não tenham me permitido viver - e como vivi! Benza Deus! Minhas lembranças são bençãos jamais esquecidas. E ainda tenho tanto para respirar, andar descalça, sujar os pés na lama - parar e ficar indecisa por onde devo seguir.
O que você tem a me ensinar? O mesmo que eu tenho em nada a te dizer. Mas não é legal quando eu e você nos encontramos em nossas coincidências? E minha vida se repete na sua vida que se repete na vida de outro. Pura coincidência, pois nem te conheço!
A desculpa é a cor da calcinha bege que você insiste em usar no primeiro encontro? Assim como também é desculpa o tamanho do teu pênis? Que nada! O erro está em você achar que tudo isso é desculpa para tua solidão diante da televisão. Coloquei um baby-doll cor da pele para dormir! Odeio cores sem cores..acho que nesse momento estou sem cor e resolvi me vestir para dormir sem cor.
Passei por Gaudinópolis...me lembrei de uma música de Renato Terra.
É...Eu adoro coincidências! E agora sei onde fica Gaudinópolis...pura coincidência no desviar de um caminho de retorno para casa.
Pronto! Gaudinópolis ficou no ontem. Desliguei o brilho da televisão, o cd de Elis emudeceu....e fecho os olhos prá não ver passar o tempo - ainda ouço Roberto Carlos sendo dedilhado ao violão no silêncio do apartamento número 301, localizado em uma rua suburbana qualquer numa madrugada que se foi.
Ainda na sala, me sinto num mosteiro! Nem mesmo Roberto ouço mais. Mas, uma voz quebra o silêncio ao proferir o quão lindo é o baby-doll cor de pele morena que tanto odeio e que estou usando nesse momento sem cor.
Ainda ouço Roberto...ao pé do ouvido!
Fechei meu caderno cor-de-rosa.
2 comentários:
E importa a cor do baby-doll ou da calcinha ou do tamanho dela se estamos ao lado de quem realmente amamos? O silêncio tem muito a dizer.
estava sentindo falta dessa Beth que lê o silêncio.
beijão gatona
Esse tinha ficado no ontem... mas, andei por aqui procurando algum texto que eu pudesse observa-la... e não é que encontramos?
Viu a relação
Cor de Calcinha x Tamanho do Penis
kkkkkkk
você é Beth Santana...
Qual era a música do Roberto?
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